sexta-feira, 27 de maio de 2011

Saudades.

Há momentos na vida que sentimos uma saudade do que não vivemos.

Quando entrei no shopping  para comprar um presente para um amigo , dei de cara , corpo e um sorriso lindo, com um passado que de tão distante eu nem mais me lembrava.
Ela me sorriu.
- Hélio. Hélinho! - Ela me disse tão feliz ao me ver que me contaminou.
- Apereira! - Eu disse de imediato.
- Não me chame assim. Meu nome é Juliana.
- Claro! É que Apereira ficou forte marcante.
- Entendo! Como vai!

Apereira. Esse não era o seu nome, Pereira era o seu sobrenome. Mas na escola todos a chamavamos de Apereira, para simplesmente humilha-lá. Todos fazíamos isso.O que hoje todos dizem como Bulling. Na verdade, o que queríamos era distância de Apereira. Porque algumas de suas colegas, haviam estabelecido que Juliana, Apereira fosse posta na geladeira. Estávamos no ensino básico e esse tipo de discrimação era bastante comum.

Bem, na epóca os meninos queriam ficar com as meninas mais legais. Apereira, não era  bonita. Era magra, mais alta que todos e  por isso preferimos ficar com as demais. Até que um dia, tive que pedir ajudar a  Juliana, ou Apereira. Se tratava de um trabalho de história o que era o meu fraco. E Apereira foi até a minha casa e começamos a estudar juntos. E eu tolo que era, fiquei com medo de que algum amigo viesse a saber de que Apereira esteve em casa me ajudando a estudar história.

Mas eu precisava muito, e  ficamos estudando o dia todo. E num dado momento me vi  tomado por Apereira dando atenção para a minha necessidade e com vontade e carinho que se dedicava. E com o seu ensinamento pratico e direto eu ia digerindo aqueles fatos históricos. Então, assim que acabamos aquela matéria, ela se virou e perguntou para mim com todo o interesse que pode me dar e que me cativou.
- Você entendeu! Tem alguma dúvida ainda!
Eu disse que tinha entendido tudo. Ela sorriu e disse que já ia embora. Eu então falei para ela ficar e se queria um pedaço de bolo e refrigerante. Ela disse que sim, e estranhamente eu fiquei feliz e bastante contente por ela ter aceitado. A minha mãe trouxe o bolo e ficamos comendo  e falando de  varias coisas . Apereira era toda atenção e gentilezas. Agradou a minha mãe e a mim também.

Daquele dia em diante eu passei a respeitar mais Apereira. E na escola aos poucos fui quebrando a vergonha de estar ao seu lado e conversar com ela. Eu sei que parece coisa de idiota, tolo. Mas aconteceu. E Apereira, simplesmente me mostrou pela primeira vez nessa vida o que é um preconceito armado contra uma pessoa  e com toda a sua atenção para me ensinar marcou para sempre a minha vida, mostrando o quanto podemos se melhor do que a merda de imagem que alguém tem de nós.

Por isso senti saudade dela, quando a vi no shopping. Ela estava linda, gostosa e simpática como sempre. E sinceramente me deu vontade de ficar mais tempo com ela, matando a saudades da Apereira que conheci naquela tarde em que mostrou a sua dedicação simples e verdadeira, mas grande, e que imprimiu em minha vivência, em minha alma e que levarei para sempre.

sábado, 21 de maio de 2011

Ah!

" Ando cansado de ver as pessoas mastigarem o amargo e o imbecil 
e engolem só porque alguns dizem  ser bom.
Quanta idiotice não experimentamos, quanto amargura  nos lembramos.
Quero um sabor novo, ou sabor antigo de que é bom e dura até hoje.
Um sabor que me faça sentir o prazer de mastigar algo que me alimente e não me envergonhe.Me de prazer, o prazer de  sentir e poder compartilhar.
Idiotice são velhos sabores descartáveis, como a amargura."
Ulisses Sebrian.

Coração entediado. Coração entediado!

Lauruana  tinha um coração entediado, que nunca se satisfazia com os seus namoros. Os homens sempre com suas conversinhas típicas de homens não duravam mais que alguns dias em sua vida. Lauruana se cansava rapidinho deles e novamente buscava outros homens, outros namoros. A caça desses homens era mais prazeroso do que te-los. Entrava em uma boate, e mirava o seu olhar para o mais interessante., insistia em seu olhar e pronto lá vinha a sua presa aproximava-se oferecia uma bebida e trocavam telefones e marcavam encontros e se beijavam a primeira vez. E depois na primeira noite e alguns encontros depois começavam a namorar. Para Lauruana  não bastava e duas semanas depois  ou após a primeira transa, desistia do namoro, dava um pé na bunda. E pronto passava para outra caça. Até que um dia meio chateada por todas as amigas terem namorados fixos e ela sempre aparecendo com um novo, o que causava estranheza em algumas amigas. Se tratava até mesmo de um perigo, porque se Lauruana tinha tantos namorados e desfazia deles assim tão fácil, também poderia pegar os seus namorados!
E foi assim que um dia não querendo sair de casa,  a sua mãe recebeu a visita de tia que há tempos não as visitava. Helena tinha já os seus 76 anos, viúva e mãe de quatro filhos e avó de três netos, percebeu que Lauruana estava em casa entediada, bufando algumas  lamentações.
Helena aproveitou que a mãe de Lauruana foi fazer um cafezinho e perguntou o que estava acontecendo.
-Não quero me meter em sua vida mas você me parece tão tristinha!
Lauruana não resistiu, aquela situação que apertava demais o seu coração.
- E estou mesmo. É que não me consigo me acerta com cara algum.
- Como assim!
- Eu estou toda semana começando e terminado um namoro. Não aguento mais.
- Mas são eles o problema.
- Não sei! Eu saio, encontro um  trocamos telefone, conversamos e até ai  a coisa é boa. Mas depois que começamos a namorar fica chato, insuportável e eu quero sair e encontra outro.
-Ora, você não encontrou o cara certo. 
- Mas tá me cansando começar e terminar namoro assim. As minhas amigas estão me evitando.
- Olha só Lauruana, temos a péssima mania de achar que o que é bom para o outro e bom para nós também.Você já parou para pensar que talvez ficar sozinha seja um boa.
- Eu já! Mas não consigo ficar sozinha.
- Ah! Então você precisa de um homem novo sempre.
- Acho que sim, eu sei que é errado...
- Não seja tola! Você é igual a mim! 
- Mas a senhora não foi casada com um homem só?
- Sim. Mas não me satisfazia Eu saia sempre  discretamente, a procura de outros. Nunca deixei o meu lar nem as minhas obrigações, mas como vocês dizem caçar homens interessantes era o meu esporte preferido. Sempre tive casos e casos, mas nunca mais que casos. Você entendeu.
Chocada a principio, Lauruana sentiu esperanças.
- Então, se a caçada é que te satisfaz. Vais nessa. Cuide-se no entanto. E machucar faz parte.
Lauruana pensou no assunto.

MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!


Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas ele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

Somente um Gênio como Fernando Pessoa é capaz de entender a própria dor e a dor de Seu Povo como o honrado povo português.

O Passado.

"O passado é lição para se meditar, não para reproduzir"
Mario de Andrade

Ideia

Desistir de uma ideia é assinar uma contrato com o fracasso. Foi o que me ensinou um grande amigo, 58 anos mais velho de que eu quando eu ainda tinha 18 anos. E desde então, eu tenho dado ouvido as pessoas mais velhas. Pelo simples fato de que todo ser mais velho quando quer, e digo quando quer, apreende com a vida as lições que esta nos dispõe. E percebo que se trata de algo natural em nós. Sim porque as crianças sempre nos vem perguntar algo que acabam de descobri, alguma palavra nova, algum bicho ou noticia que viram na tv, Ops!, agora na internete. E elas vem com a sede de que sabemos e daremos a resposta correta. Uma intuição, um instinto. Sim, se somos seres sociais é claro que o outro é alguém que podemos contar. E mesmo quando o jovem em sua fase de achar que é dono do mundo se faz de conhecedor de tudo e sabe que é dono de seu caminho, mesmo assim ele ainda vem em busca de respostas com os mais velhos. E assim mesmo aos dias de hoje quando a comunicação entre um ser e outro sem a internete e suas redes sociais, nos dão a impressão de estarem em via de acabar, basta todos abrirem um tempo para a conversar entre as gerações. E se é conversando que se entende  e se apreende porque não trocar ideias e ponto de vista. E que certamente enriquecera mais e mais as nossas vidas, esteja você com 18 anos ou 78 anos.
Quanto a frase, de desistir de um ideia é assinar um contrato com o fracasso,ecoou em mim por anos. E o que apreendi e que se pode desistir de uma ideia sim se essa ideia te prejudicar e a outros, e se você ter avaliado e ver que não iria dar certo mesmo por uma série de razões e circunstanciais. É preciso avaliar sempre uma ideia até transformar em um projeto e buscar realizar. Ai então podemos dizer que desistir de uma ideia boa por medo ou não botar fé em si próprio e assinar um contrato com o fracasso. Eu venho por ano divulgando essa ideia.
Por Ulisses Sebrian

Pense!

" Toda Canção de liberdade vem do cárcere"
Mário de Andrade em seu prefácio do livro Paulicea Desvairada, citando Gorch Fock.


" e esse cárcere, pode ser uma prisão oficial de algum governo fascista, de um sistema público ou de vários conceitos sociais, que nos prende a alma. Nos  prende os sentimentos e o sentir, o desejo e os sonhos."

Poeminha do contra

" Todos esses que ai estão 
Atravancando o meu caminho
Eles passarão
Eu passarinho"
Poema do Grande Mário Quintana.
Obrigado Mário por ter existido.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Grandiosidade ou grandeza?

Acredito nas duas designações! É que nos dias de hoje! Não, não. Não vou usar de hipocrisia e dizer que antes, no passado a coisa era melhor. Na verdade nunca foi. Basta olhar para o passado e ver quanto  de discriminação e massacres acumulamos. E para dizer a verdade hoje nos espantamos mais e agimos mais. Salvo alguns poucos idiotas que se acham mais que o outro, estamos nos dando melhor como pessoas. Nos relacionando inclusive com outros seres.  Mas enfim o que conto a seguir me aconteceu há alguns anos  justamente quando eu passava por uma crise, um stress profissional e pessoal. 
Eu estava com uma divida alta, sem carro,  sem aumento salarial, e como a todos sofrendo pressão da empresa para atingir a meta estabelecida. O país passava por uma crise econômica o que dificultava  atingir a meta. Além do mais, em casa o meu pai começou a me cobrar para ajudar a pagar as contas. E sempre discutimos e discutir com pais é levar no fígado porque simplesmente a gente leva  aquela discussão para todo canto. E para piorar fazia seis meses que eu não estava namorando. Bem diante de toda essa pressão, eu comecei a ficar mal humorado, amargo as vezes. E quando estamos assim, apreendi naquela ocasião, sempre esquecemos de olhar o outro ao nosso lado. É como se somente o nosso problema existe, somente nós somos a vitima do mundo e o resto que se dane. Assim sendo então, passei a tratar com desdém alguns amigos. Amigos que vinha falar de seus problemas e eu  os deixava falando sozinho. Ou aquele cara que acabou de entrar na empresa e veio puxar papo com você e você simplesmente ignora. Não dava nem bom dia para o ascensorista e muito menos para os faxineiros. A comida perdeu o sabor e eu sempre reclamava. Cheguei a tomar o acento preferencial no metro e louco para que alguém viesse falar algo.Eu estava louco para brigar, bater em alguém jogar  a culpa de todos os meus problemas em alguém.  A minha divida, as minhas discussões com o meu pai e a falta de namorada era o que mais importante existia no mundo. 
 E foi num dia mal assim , um dia ruim mesmo que eu ao tomar o metro para voltar para a casa, resolvi descer numa estação mais longe possível e caminhar um pouco. Então num  viaduto onde carros apressados passavam constantemente, havia uma escada em caracol que levava para uma avenida mais tranqüila. E ao descer essa escada encontrei um casal de mendigos que sentados a um dos degraus dividiam uma marmita. Quem sabe é Deus como conseguiam comprar essa marmita. E como havia somente um garfo de plástico eu o vi colocando comida na boca dela e depois se alimentava.Ele dava esse carinho a ela, e certamente ela faria o mesmo. Encontrei ali uma forma de compartilhar as coisas numa situação muito difícil e de penúria. E fiquei chocado, e pensei em voltar para não atrapalha-los quando me olharam e abriram espaço para eu descer, eu agradeci e então ouvi o mendigo me dizer.
- Servido! - estendeu a marmita me oferecendo.
Eu fiquei emocionado e agradeci. E com toda a vergonha do mundo segui meu caminho. Era incrível o que aquele casal de mendigo conseguiu comigo. Eles simplesmente tinham apenas uma marmita dividindo entre eles e mesmo assim tiveram a grandeza a gentileza de me oferecerem. Eu, um burguês bem vestido e com banho tomado que faz todas as refeições e pode viajar e tem plano de saúde e principalmente não mendiga para sobreviver, era incapaz de dividir uma refeição com quem quer que seja. Nem mesmo ouvir o problema do outro. E que nessa vida, nunca havia comido uma marmita. Sentei-me a um banco e comecei a chorar de arrependimento e de vergonha. 
A minha divida com o banco, era por causa do meu carro que acabei não pagando e bati depois de uma noite de bebedeira. Havia me separado da minha namorada porque eu queria aproveitar mais com os amigos. E não dava dinheiro para o meu pai em casa porque eu gastava, gastava... Ao entender a vida daquele casal de mendigos e sua compreensão de  que somente com o outro e dividindo o que tinham  sobreviveriam e a gentileza de dividir o pouco que tinham os faziam menos sofrido de tido o  que já  sofriam.
Altas horas da noite voltei para a  casa. E decidi vender o meu carro, pagar as dividas, e conversar com o meu pai. 
No mês seguinte eu  dei parte do meu pagamento para o meu pai, ia e vinha todos os dias de metro sem me importar com isso e incrívelmente passei a ser o cara mais requisitado da empresa, porque passei a cumprimentar a todos, ouvir amigos e amigas, que ficaram mais amigos. Ser simpático sem ser falso, me fez pegar da vida o que de melhor ela tem que é viver com o outro e todas as coisas. Problemas! Quem não os tens, mas não fiz mais de minha vida uma vida de problemas. Aqueles mendigos me ensinaram essa Grandiosidade ao me oferecerem uma simples marmita que dividiam. Eu, tentei procurara-los mas não encontrei. Mas passei a compartilhar aquela ato de generosidade e Grandiosidade com todos. 
Vamos, experimente dividir o que você  tem de melhor com o outro, ou um simples bom dia e um sorriso para todos sem excessão. Não, não é auto ajuda é grandeza ou Grandiosidade.

domingo, 15 de maio de 2011

O grande Fernando Sabino.

" No fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim"
Essa frase do Grande Fernando Sabino, autor de tantas coisas boas entre elas o romance "O homem nú" me deu direção num momento em minha vida, assim com tantos grandes escritores. Afinal Deus os criou para nos dar tamanho.

Mais um trecho


Mais um trecho do meu romance Um barco rumo ao Caribe, disponível no site. Agbook e Clube dos autores. Boa Leitura.

Ary aproximou-se sorrindo prazerosamente. Marcos estava sentado algemado imóvel, impotente e inútil. Terrivelmente inútil como nunca se sentiu em sua vida. Talvez a morte não fosse tão ruim. E certamente o inferno ou o que mais a mente humana e capaz de criar em sua busca pela divindade fosse tão insuportável como se sentir inútil, impotente. E em sua destreza Marcos percebeu que aqueles homens não  o queriam ali preso apenas  e por tudo o que fizera, pela droga que certamente já sabiam onde estavam ou por algumas mortes que não poderiam provar. Queriam algo mais  e isto estava claro quando Ary aproximou-se.
-         Passara seus dias em prisão de segurança máxima.
-         E existe isso!
-         Como um peixe ficara fora d’água.
-         Não me importo.
-         Há ainda a sua família. A sua esposa já detemos e os seus filhos.
-         O que farão?
-         Ora podemos fazer muita coisa.
-         Nunca acharam os meus filhos!
-         Você está preso não pode fazer nada. Vamos vascular esse navio...
-         Acha mesmo que eu esconderia os meus filhos aqui.
-         Não me importo. Já tenho você. E pela lei todos os seus bens serão confiscados. A sua família ficara na penumbra.
-         O que você quer? - inisistiu Marco
-         Um acordo. O nome de quem compra essa droga toda. Isso poderá aliviar as coisas para você. Talvez a sua mulher fique solta, os seus filhos em paz.... 

Amar.

  Amar.   - Meus parabéns. – Ele disse num sorriso sincero, segurando milhões de tonelada de um sentimento que lhe pertencia. - Ah, ob...

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